ma mulher, que não se sabe de onde nem de que tempo vem, é atravessada por múltiplas vozes que ouvimos como se estivéssemos dentro de sua cabeça, que falam de diferentes formas através do corpo dela. Uma espécie de metamorfose vai se dando ao longo da ação, levando essa mulher a viver num limiar entre humano e crustáceo, entre mulher e carangueja. Esta é a ideia central do espetáculo CARANGUEJA, que reestreia no Teatro Ipanema, no dia 8 de setembro.

Idealizado, escrito e encenado por Tereza Seiblitz, CARANGUEJA fala da força criadora vital do planeta Terra e joga luz sobre as diversas ‘mulheridades’ existentes no mundo em movimento. A peça evoca a figura de uma andarilha, uma espécie de guerreira de corpo forte, capaz de proezas para surpreender e vencer um inimigo. Nesta relação de vida e sobrevivência, CARANGUEJA passeia, de forma poética e bem-humorada, por noções de feminino, maternidade, gênero, antropocentrismo e desigualdade social.

“Quando estive num manguezal pela primeira vez, andei e afundei na lama por muitas horas. Pensei: ‘isso aqui é o útero do mundo’. Foi maravilhosa a sensação de sentir a pulsação da fertilidade daquele lugar. Era de manhã cedo, muitos filhotinhos de caranguejo brilhavam na luz do sol. A lama era uma espécie de colo alegre e vital”, explica Tereza Seiblitz.

A peça é co-dirigida por Fernanda Silva, piauiense e mulher trans, que reforça a importância do texto para as interseccionalidades das mulheres e o comparativo entre esses dois lugares tão distantes geograficamente. Essa distância encurta quando se trata da ligação afetiva e estética entre elas. “É um lugar que eu não sei explicar, entre o sonho e o fascínio. O mais importante, mais bonito, mais potente, e que me coloca num lugar de quase espanto, é o encontro dessas duas mulheres artistas. De um lado uma mulher trans, preta, de outro a Tereza. Digo isso também pelos lugares, tão geograficamente distantes – o extremo Norte do Piauí, que sou eu, de Parnaíba; e a Tereza, uma carioca da gema”, analisa Fernanda.

Em tempos de catástrofes ambientais e crises políticas e econômicas, tornou-se urgente, tanto para a autora quanto para a co-diretora, falar da importância da preservação deste bioma, bem como de todas as outras formas de vida, hoje ameaçadas pelo comportamento e atuação do ser humano. CARANGUEJA reforça a necessidade de agir e tomar para si a responsabilidade pela preservação e defesa deste bioma, entendendo que isso reflete diretamente na qualidade de vida sobre a Terra para todas as espécies. Como já disse Ailton Krenak: “a Terra sobrevive sem o ser humano, mas o ser humano não sobrevive sem uma Terra viva’”, finaliza Tereza.

SERVIÇO
Espetáculo CARANGUEJA
22, 23 e 24 de setembro
Sexta e sábado às 20h e domingo às 19h
Teatro Ipanema – R. Prudente de Morais, 824 – Ipanema, Rio de Janeiro
Ingressos: R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia)
Vendas: https://riocultura.eleventickets.com

FICHA TÉCNICA
Texto, idealização e atuação: Tereza Seiblitz
Direção: Fernanda Silva e Tereza Seiblitz
Direção de movimento: Denise Stutz
Figurino: Fernanda Silva, Tereza Seiblitz e Maria Adélia
Iluminação: Adriana Ortiz
Programação Visual: André Senna
Fotografia: Renato Mangolin
Instagram: Manuela Seiblitz @caranguejaespetaculo
Produção: Evohé Produções
Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa

Creditos de Renato Mangolin