O advogado ambientalista está de volta ao PV, André quer resgatar as lutas iniciadas por sua mãe Dalva Lazaroni em Brasília.

André Lazaroni, é advogado e ambientalista e anteriormente conhecido como André do PV, foi Deputado Estadual 4 vezes deputado estadual e possui mais de 30 leis aprovadas, presidiu as comissões de Defesa do Meio Ambiente, de Obras Públicas, de Educação, de Emendas Constitucionais e Vetos, Constituição e Justiça e o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Nos primeiros mandatos como deputado estadual foi responsável pela proibição da comercialização de madeira sem o certificado do IBAMA, a criação do código ambiental do Rio de Janeiro, a instalação do Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA) no Parque Nacional da Tijuca e a lei que criou o Selo Verde para as empresas que promoverem o destino final adequado para produtos plásticos.

Em fevereiro de 2013, assumiu a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer do Rio de Janeiro e a presidência da Superintendência de Desportos do Estado (SUDERJ) durante os preparativos para a Copa do Mundo FIFA 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

O período também foi marcado pela interiorização do esporte no estado, com a criação de academias funcionais, escolas de futebol em parceria com o jogador Léo Moura, academias de artes marciais sob a chancela de lutadores como Anderson Silva e Vitor Belfort. Em 2014, foi reeleito para a Legislatura 2015-2019. Em 2017 foi Secretario Estadual de Cultura e em 2020 assumiu Secretaria de Estado de Governo, responsável pela articulação política.

Tribuna da Imprensa – Você iniciou sua trajetória política no Partido Verde, quando ficou bastante conhecido como André do PV. Depois de um tempo fora, está de volta à legenda. Qual o motivo do retorno?

André Lazaroni – Sabe aquele garoto que sai de casa pra conhecer o mundo e depois volta cheio de experiências, maturidade e, a partir de então, reinicia a trajetória com mais segurança, conhecimento e capacidade? Guardando as devidas proporções, acho que é mais ou menos isso. Eu sempre considerei o Partido Verde a minha casa, ou seja, aquele lugar para onde eu tinha certeza de que, quando voltasse, seria recebido como um filho. Afinal de contas, eu vi esse partido ser fundado pela minha mãe, Dalva, junto de monte de gente de bem, que frequentava a minha casa quase como se fossem da nossa família.

É claro que, de lá pra cá, eu mudei e o PV também mudou. No entanto, existe uma essência, uma raiz que jamais será abalada, que foi plantada por aquelas pessoas. Eu volto exatamente para resgatar essa essência, só que com muito mais consciência e maturidade pra conduzir as nossas bandeiras por caminhos mais seguros, firmes e verdes.

Tribuna da Imprensa – Ao todo, você cumpriu quatro mandatos seguidos como deputado estadual. Como você avalia sua trajetória como parlamentar e por que, desta vez, se coloca como pré-candidato a deputado federal?

André Lazaroni – Eu acho que passei até tempo de mais como deputado estadual. Na vida, a gente tem de andar para a frente. Pra trás, só se for pra pegar impulso. Acredito que cumpri meu papel na Alerj. Sou autor de leis importantíssimas, defendi como poucos a Constituição em momentos nos quais seria mais fácil abrir mão desse posicionamento, presidi comissões importantes, como as de Meio Ambiente, Constituição e Justiça e o Conselho de Ética, e fico feliz ao entrar na Assembleia hoje e poder abraçar todos os servidores e também meus antigos colegas de Parlamento, vendo nos olhos deles o respeito por mim e pelo legado que eu deixei.

Provavelmente, se eu decidisse me candidatar, novamente, a uma cadeira estadual, minha eleição seria tranquila. Mas não estou em busca de tranquilidade. Há muitos problemas para resolver, e é preciso que sejam resolvidos em Brasília. Além disso, o PV precisa de uma liderança nacional forte, para comandar um movimento sério e consistente de resgate das políticas ambientais, tão massacradas atualmente. Não podemos colocar por água abaixo uma série de conquistas obtidas a duras penas, por gente como minha mãe.

Portanto, me vejo quase que na obrigação de ajudar meus companheiros verdes a reerguer nossa bandeira e enfrentar as forças que têm trabalhado contra a sustentabilidade e, consequentemente, contra tudo o que, de fato, pode fazer o Brasil, novamente, ser um país respeitado e próspero.

Tribuna da Imprensa – Especialmente em relação ao meio ambiente, quais são as principais bandeiras que precisam ser levantadas em nível nacional?

André Lazaroni – São muitas, inúmeras. Só para citar a situação mais grave e evidente, que é a questão da Amazônia. O que está acontecendo lá é um crime contra a Humanidade. Uma área gigantesca está dominada por homens armados que fazem o que querem contra o meio ambiente e as comunidades indígenas e ribeirinhas. Um escândalo internacional, que causa um retrocesso equivalente a anos e mais anos de trabalho, destruídos em pouco tempo.

O próximo presidente, que esperamos seja um defensor do meio ambiente, vai precisar de muito apoio no Congresso para reverter essas situações e punir os responsáveis pelos crimes que vemos hoje. 

Se Deus quiser, serei um de seus soldados nessa guerra verde, pela recuperação, não apenas do meio ambiente, mas da consciência ambiental do país. Além de recuperarmos tudo o que foi perdido, também precisamos modernizar a Legislação, associando, de vez, o desenvolvimento econômico à sustentabilidade. Não dá mais para dissociar a economia do meio ambiente. Atualmente, só se cresce se houver sustentabilidade. Esse é o futuro.

É nisso que acreditamos, e acho que precisamos investir muito nos mais jovens, conscientizar a garotada, para que possamos garantir gerações de pessoas que pensem de forma moderna e sustentável, considerando a natureza não como um obstáculo, mas como um verdadeiro caminho rumo ao desenvolvimento.

Tribuna da Imprensa – Além de parlamentar, você também exerceu importantes cargos no Executivo fluminense. O que isso agrega à sua experiência?

André Lazaroni – Agrega muita coisa. Principalmente, porque minhas passagens pelo Poder Executivo foram em momentos-chave para o nosso Estado. Fui secretário de Esportes quando o Rio de Janeiro se preparava para sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada.

Criamos diversas academias em comunidades e colocamos todas as gerações para praticar esporte de forma inclusiva. Da mesma forma, como secretário de Cultura, tive imensos desafios a serem vencidos.

Quando assumi a secretaria, encontrei uma estrutura sucateada, profissionais desestimulados e sem salário. Com muita habilidade, reorganizei a estrutura da pasta e conquistei a confiança das pessoas. Os corpos artísticos do Theatro Municipal, na época, ameaçavam parar, e consegui mostrar a eles que eu havia chegado para ajudá-los a sair daquela situação.

Hoje, entro de cabeça erguida naquele templo da cultura do Rio de Janeiro, porque sou festejado por todos os que viram o nosso trabalho, que reergueu o setor e fez dele uma fonte de lazer e também de geração de empregos e renda. E não ficamos apenas na capital. Levamos capacitação e empreendedorismo cultural para o interior, democratizando a realização de espetáculos por todo o Estado.

Mais recentemente, fui convidado pelo governador Cláudio Castro para ser secretário de Governo, e minha principal função foi unir Executivo e Legislativo, que estavam numa grave crise de relacionamento.

Cumpri a missão e, hoje, felizmente, o Estado do Rio de Janeiro vive um momento de paz, no qual o governador e o presidente da Alerj, mesmo sem comungarem da mesma ideologia, se respeitam, conversam e demonstram uma verdadeira preocupação com os caminhos do Estado. Sinto um orgulho enorme de poder ter dado minha contribuição para que essa união em torno do bem comum ocorresse.

Tribuna da Imprensa – O fato de você voltar ao Partido Verde e, consequentemente, dar mais ênfase à causa ambiental, não te distancia desses outros setores que você abraçou ao longo de sua trajetória?

André Lazaroni – De forma nenhuma. Pelo contrário. Na verdade, o meio ambiente está presente em tudo: na cultura, no esporte, no lazer, na saúde, na educação, na segurança pública. Talvez esse seja o setor que mais interaja com todos os demais. Quando você milita pela causa ambiental, automaticamente, está inserido em todos os outros contextos.

Hoje, não se pode mais desconsiderar esse tema, seja qual for a atividade que você exerça. O que eu quero é, justamente, fazer com que as pessoas parem de separar o meio ambiente dos demais setores. A palavra de ordem é integração. Se você hoje faz um projeto, sela ele cultural, de engenharia, esportivo, empresarial ou o que for, você tem de considerar os impactos que isso vai gerar ao meio ambiente e prestar contas à sociedade, estabelecendo medidas compensatórias ou agregando ações de sustentabilidade.

Quem ainda pensa que o meio ambiente é um setor estanque dos demais está parado no tempo. Por isso é que eu faço questão de convidar, em especial, a juventude, para se filiar ao PV. O futuro do mundo, da economia ao lazer, passa pelo meio ambiente. E quem investir nisso agora vai colher muitos bons frutos lá na frente, e em pouco tempo.

Tribuna da Imprensa – A partir de toda a sua vivência como deputado e secretário de Estado, como você vê o André Lazaroni hoje, em comparação com aquele jovem que iniciou a trajetória como André do PV?

André Lazaroni – Posso dizer com toda a segurança que continuo jovem, só que um jovem extremamente maduro. Quando falo isso, quero dizer que mantenho o mesmo fogo, a mesma chama acesa em busca de novas conquistas, de inovação, de ideias originais que possam contribuir para o desenvolvimento da Humanidade. Aliás, é bom deixar claro que eu tenho 45 anos, ou seja, sou, de fato um jovem. Mas, um jovem com muita vivência e uma experiência que pouquíssimas pessoas da minha geração tiveram.

E essa característica que mescla juventude com experiência me permite transitar tanto entre a garotada de 16, 17, 18 anos, quanto entre a velha guarda, com quem também me dou muito bem. Inclusive, quero aproveitar o gancho pra divulgar o podcast que faço com minha filha, uma jovem bastante antenada e politizada, que não me deixa ficar velho e que discute comigo, dentro de casa, várias questões importantíssimas que têm muito a ver com a preparação das próximas gerações, que precisam, desde já, ficar antenadas e cientes do que rola na política.

Decidimos, então, trazer esses nossos papos, as nossas conversas, para um podcast, para que mais pessoas possam ouvir e interagir. Na verdade, o André do PV nunca saiu de mim. A diferença é que, hoje, aquele garoto cresceu, amadureceu e ampliou sua visão de mundo. Mas o espírito de querer buscar soluções para os problemas do nosso planeta é exatamente o mesmo.

Por Ralph Lichotti – Advogado e Jornalista, Diretor do Tribuna da Imprensa, Secretário Geral da Associação Nacional, Internacional de Imprensa – ANI, Ex-Presidente da Comissão de Sindicância e Conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa – ABI – MTb 31.335/RJ