Segunda-feira, 03 de setembro de 2018, amanhecemos com uma tristeza imensa. Duzentos anos de histórias, de ciência e de contribuição para a educação em todos os níveis, não nos pertencem mais. O fogo levou, junto com a fumaça e a fuligem. Espalhados estão pela região de São Cristóvão e adjacências. Espalhados também estão pelo estado, país e pelo mundo, os corações tristes, daqueles que vivem, respiram, curtem, ou simplesmente consomem cultura, e se preocupam com a história do nosso povo e da humidade.
O ministro da cultura Sá Leitão, disse que hoje, já iniciariam o projeto de reconstrução do Museu Nacional.
Em nota, a Secretaria Estadual de Cultura também se manifestou. Veja seguir:
A Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro manifesta seu enorme pesar pela perda inestimável do Museu Nacional.
O primeiro museu criado em nosso pais, que neste ano completou 200 anos de história, sempre foi um grande parceiro da Secretaria e teve sua importância reconhecida e destacada na recente exposição “São Cristóvão”, realizada no Museu do Ingá, justamente em comemoração ao seu bicentenário.
Hoje, o povo brasileiro é forçadamente privado da cultura e ciência abrigadas no Museu Nacional, instalado no Palácio da Quinta da Boa Vista. Esperamos que essa catástrofe sensibilize as lideranças do nosso país, no sentido de recuperar os investimentos para a área da cultura e preservação da nossa história e do nosso patrimônio. Uma população privada de sua memória, se torna um povo sem referência.
A Secretaria de Estado de Cultura coloca-se a disposição para atuar e colaborar com as instituições federais competentes, pois acredita em ações conjuntas para preservação e reparação desse patrimônio.
Leandro Sampaio Monteiro
Secretário de Estado de Cultura – RJ
Dentre tantas mensagens, texto emocionados e até de revolta que lemos nesta manhã, vamos destacar a seguir o do jornalista e Professor Claudio Henrique:
Acordei sentindo um buraco no peito, como se arrancassem dele um pedaço do tamanho do meteorito de Bendegó.
Refleti e estou concluindo que é vergonha.
Vergonha de enxergar com clareza a que ponto deixamos chegar as coisas.
A clareza das chamas.
Esse incêndio é um fato histórico e emblemático.
É o símbolo da nossa inoperância como cidadãos.
Da nossa incapacidade de gritar e transformar as coisas no país.
Eu sou culpado também pelo fogo.
O museu não.
O museu é sábio.
Fico pensando que ele se auto-aniquilou numa tentativa desesperada de, com este exemplo, salvar outros museus, outras riquezas, outros valores, que já arderam também.
Em muitos países os ricos usam suas fortunas para manter instituições culturais, patrimônios…
No Brasil o Museu Histórico Nacional (ou seria agora museu) fez uma campanha de doações para angariar verba pra reformas e levantou… 30 mil reais.
Repito: 30 mil reais!!!!
Tenho amigos músicos que já levantaram bem mais pra fazer um cd.
Vamos admitir: o Brasil merecia ter um museu nacional; nós, brasileiros, não andamos merecendo muito…
Desculpem o desabafo.
Estou realmente decepcionado. E é decepcionado comigo mesmo.
Que o meteorito seja mesmo a pedra fundamental de um novo país, mais ardente. Mas que agora seja ardente de ideias. E de atitudes.
Nas fotos, o meteorito que estão dizendo ter resistido ao fogo; e como ele era antes das chamas.